a voz que me tece
são linhas de
anzóis quebrados
algodão amarelado
dos lençóis
trigo esfarelado
dos paióis
feito pão nas
manhãs
milho debulhado
por mãos de mulheres
– fagulhas do céu
no fim do mundo
canções de roda e
rezas
procissões de
maio
novenas de natal
pastores de barro
presépio de palha
e bambu
meninos
de bicicleta
com asas de
isopor
cordéis de náilon
bandeiras de
papel crepom
foices e facões
adormecidos no celeiro
a casa e o terreiro
tomados pelo vento
o pai
a mãe
e o menino
colhendo no ventre
as primeiras
arras do alvorecer